Mc 3,22-30
Naquele tempo, os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”.
Reflexão:Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno’‘ (Mc 3, 29).
Um tema muito difícil, muitas vezes, de se compreender na leitura do Evangelho de Jesus Cristo é aquilo que nós chamamos de “pecado contra o Espírito Santo”. Na verdade, nós podemos entender isso de diversas maneiras, mas o mais duro é realmente o que Jesus afirma no final, porque todos os pecados serão perdoados ao homem, mas aquele que peca contra o Espírito será culpado de um pecado eterno.
No que consiste pecar contra o Espírito? A pessoa ter conhecimento da verdade, ter ciência de uma coisa, até a graça de Deus tem lhe mostrado que é desse jeito que as coisas acontecem, a pessoa pode até não aceitar, pode até não aderir a essa verdade, mas o que a pessoa não pode é negá-la, blasfemar contra ela. E aí a blasfêmia se torna uma coisa terrível, maligna, diabólica; de fato, uma coisa realmente satânica, porque “blasfemar” significa Deus vendo Deus agir, vendo Deus fazer, vendo Deus acontecer.
Vejam que, no Evangelho de hoje, os mestres da Lei viam o que Jesus operava, que Jesus fazia o bem, Ele não fazia o mal; no entanto, queriam atribuir ao que Cristo fazia como se fosse uma coisa do demônio, um atentado contra a verdade. Os mestres da Lei podiam até não aceitar o Senhor, podiam até ser contrários ao que Ele fazia, podiam até ter resistência à ação de Cristo; mas atribuir o que é de Deus ao demônio é uma blasfêmia, algo gravíssimo, uma sentença definitiva que diz: “Eu não aceito Deus, eu não quero Deus realmente na minha vida!”
Está aí porque Jesus mostra a dureza da Sua mensagem; porque eles viam toda a bondade com que o Senhor fazia tudo, eles viam com que autoridade, com que pureza Ele expulsava os demônios. E como é que pode satanás expulsar satanás; satanás ser contra o próprio satanás. Isso não é possível!
Que Deus tire da casa de todos nós, do meio de nós, todo e qualquer espírito de blasfêmia! Blasfemar contra Deus, ser contra aquilo que nós vemos Deus agir é blasfemar contra o Espírito Santo. É alguém em sã consciência, alguém com plena consciência da verdade, mas querendo simplesmente se abster de Deus, agir contra Deus, negar a ação de Deus no meio de nós.
Que todo o espírito de blasfêmia, todo o espírito negativo que, muitas vezes, está agindo em nosso meio, não se apodere de nenhum de nós, da nossa casa e de nossa família! E que Deus abra nossos olhos, para que possamos reconhecer, de fato, aquilo que é de Deus e o que não é de Deus!